transcrição:
#21 Andreia baleia

Ministério da Cultura e governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas apresentam:
Carol: Alô? Alô?
Vítor: Tem alguém aí?
Carol: Oi! Aqui quem está falando é a Carol!
Vítor: E eu sou o Vítor!
Carol: Nós somos a Cia. Ruído Rosa. E esse é o nosso podcast, o Conta! Conta! Conta!
Vítor: Um podcast pra você abrir seus ouvidos e deixar sua imaginação viajar com as nossas histórias!
Carol: Nessa temporada, a Cia. Ruído Rosa está fazendo parceria com editoras de livros infantis. A cada episódio, vamos contar nossa história a partir de um livro diferente, sempre com uma menina ou mulher como protagonista.
Vítor: Essa nova temporada do Conta! Conta! Conta! é realizada com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo.
Carol: A cada 15 dias, você terá um episódio novinho pra ouvir. E, enquanto não chega o episódio novo, você pode ouvir nossos episódios mais antigos, comentar o que achou, conversar com a gente pelo Instagram, Spotify, Facebook ou pelo nosso site.
Vítor: Ah, sabe o que é tão importante quanto mandar mensagem pra gente? Dar 5 estrelas no Spotify, favoritar nosso podcast e indicar o Conta! Conta! Conta! pra outras pessoas. São coisas simples que você pode fazer, mas que ajudam bastante nosso podcast a chegar em outras crianças e a continuar existindo depois dessa temporada! Agora se ajeite bem aí e peça silêncio.
Carol: Shhhhiu!
Vítor: Pois está começando… sabe o quê?
Carol: Conta! Conta! Conta!
Carol: E o Conta! Conta! Conta! de hoje quer saber: tem algo que te incomoda?
Vítor: Ah, tem! Tem muita coisa! Me incomoda acordar cedo, me incomoda não poder comer doce ao invés de salada, me incomoda muito não ter um episódio novo de Conta! Conta! Conta! todo dia!
Carol: Nossa, você reclama de tudo, hein?
Vítor: E qual o problema?
Carol: O problema é que ninguém gosta de gente reclamona!
Vítor: Gosta, sim!
Carol: Quem gosta?
Vítor: Você! Você gosta de mim! Não gosta?
Carol: Sim, gosto!
Vítor: Tá vendo? Então por que você foi maldosa e disse que ninguém gosta de mim?
Carol: É, desculpa, o que fiz não foi certo! Na verdade, eu comecei o episódio de hoje toda errada! O certo seria perguntar pra vocês se tem alguém que te incomoda!
Vítor: Como assim?
Carol: Alguém que fala algo sobre você que não é legal, alguém que fala com você de um jeito estranho, alguém que te dá apelidos nada engraçados…
Vítor: Ah, tem, sim!
Carol: Mas eu já pedi desculpas por ter falado que você é reclamão.
Vítor: Não, mas não estou falando de você. É que já teve gente que tirou sarro de mim porque eu sou bem magrinho!
Carol: Ué, e o que que tem ser muito magro?
Vítor: Pra mim, não tem problema nenhum. Mas tem gente que acha que é engraçado fazer piada sobre isso.
Carol: Então a história de hoje será perfeita pra essas pessoas!
Vítor: Por quê? Vamos contar a história de alguém magricela como eu?
Carol: Não! Vamos contar a história da Andreia, que está no livro Andreia Baleia, escrito por Davide Cali e ilustrado por Sonja Bougaeva, e enviado pra gente pelas nossas amigas da editora Livros da Raposa Vermelha.
Vítor: Bom, pelo título do livro, já consigo deduzir que eu e a Andreia somos bem diferentes, mas temos algo em comum: algumas pessoas acham que é engraçado rir de nós por conta dos nossos corpos, né?
Carol: Sim. Mas, calma, tudo isso vai mudar até o fim da história de hoje, eu prometo!
Capítulo 1: Mergulhando fundo
Carol: Já teve alguma coisa que você gostava e não gostava de fazer?
Vítor: Como assim?
Carol: Algo que você achava que gostava, depois achava que não gostava, pra depois descobrir que gostava?
Vítor: Por que você tá falando tudo assim, em enigmas?
Carol: É que, algumas vezes, temos que falar de alguns assuntos que são muito importantes. Mas parece que não sabemos direito como falar sobre eles. Então a gente acaba falando de um jeito complicado, falamos do assunto assim por cima, não falamos direito sobre o que realmente precisa ser falado…
Vítor: Sério, vocês estão entendendo do que ela tá falando? Porque eu já me perdi faz tempo!
Carol: É que a personagem da história de hoje, a Andreia, era uma menina muito simpática. Andreia era uma menina bem branca, daquelas que ficam com as bochechas rosas assim que começam a se mexer ou que o tempo começa a esquentar, sabe?
Vítor: A Andreia tinha um cabelo castanho, que ela prendia em duas maria-chiquinhas pequenas, uma de cada lado da cabeça.
Carol: Ela tinha um rosto redondo, com uma bochechas cheinhas… Ela tinha as mãos fofinhas… Ela tinha as coxas grossas… Ela tinha uma barriguinha…
Vítor: Não, não, não! Tudo isso é mais simples! A Andreia era uma menina gorda!
Carol: Isso! É sobre isso que estou falando desde o começo da história!
Vítor: Tem certeza? Porque realmente não deu pra perceber que você queria dizer que a Andreia era uma menina gorda.
Carol: Exatamente! Esse é o problema! A gente sabe que existem pessoas com vários corpos, pessoas magras, muito magras, gordas, pessoas que não são nem magras, nem gordas… mas será que a gente fala sobre isso?
Vítor: Eu acho que a gente fala muito sobre essas pessoas, mas nem sempre de um jeito bom. Porque geralmente a gente não fala do respeito que a gente deveria ter aos diferentes corpos. A gente finge que existe um corpo que é o certo, e se o seu for muito diferente disso, o seu corpo é errado.
Carol: E aí é que está o problema! Ninguém falava sobre isso nem com a Andreia, nem com seus colegas. E aí, sabe o que acontecia? Constrangimento, piadas que não tinham graça nenhuma e tristeza!
Vítor: Espera, você voltou a falar em enigmas! Vamos devagar pra gente entender, tá?
Carol: Tá! A Andreia fazia natação. Toda quarta-feira ela ia pra escola de natação, tanto faz se estivesse frio ou calor. Bem, se alguém vai toda semana fazer alguma coisa, é porque essa pessoa deve gostar muito de fazer aquilo, né?
Vítor: A Andreia ia pro vestiário e vestia o maiô laranja com bolinhas amarelas, e já colocava seus óculos azuis de natação na cabeça. Ela saía do vestiário e passava o mais rápido possível pela ducha gelada, e a partir daquele momento, já parecia que a Andreia gostava menos de fazer natação.
Carol: Ela ia andando devagar, de cabeça baixa, até a raia sete, onde ela e outras crianças faziam aula de natação. A Andreia fazia o que fosse possível pra ser a última a mergulhar. Realmente, parecia que a Andreia não gostava de fazer natação.
Vítor: Mas o problema não era mergulhar, não era a água, não era a piscina. O problema parecia ser ela mesma! Acontece que a Andreia era a única criança gorda da sua turma, e quando ela mergulhava, a piscina formava uma onda grande.
Carol: Isso foi o suficiente pra que, toda vez que a Andreia mergulhasse, as outras crianças começassem a gritar que a Andreia era uma baleia! Tá vendo o que acontecia?
Vítor: Sim, os colegas dela eram mal-educados!
Carol: Não! Quer dizer, sim. Mas percebeu o que acontecia com a Andreia?
Vítor: Ela ficava triste!
Carol: Sim, óbvio. Mas o que acontecia é que a Andreia acabava levando sua tristeza pra água. E aí ela achava que não gostava de mergulhar e nem de nadar. Odiava nadar de frente, de costas, de peito, de borboleta…
Vítor: Porque cada vez que ela se movimentava na água, as outras meninas da turma diziam que ela era uma baleia, e aí a Andreia começava a achar que a água da piscina se movia tanto que não fazia mais ondas, fazia verdadeiros maremotos, tsunamis!
Carol: Por isso que eu perguntei se tinha algo que você gostava e não gostava. A Andreia gostava e não gostava da natação. Ela gostava de nadar. Mas não gostava de nadar perto daquelas pessoas!
Vítor: Felizmente, tinha alguém de olho nisso tudo. E a situação iria mudar!
Capítulo 2: O que você quer ser?
Carol: Depois de uma aula, do mergulho da Andreia, dos gritos que a chamavam de baleia, o professor pediu pra conversar com a Andreia. Como você imagina que era esse professor de natação?
Vítor: Huuuuum… Um homem grande, forte, alto, como os atletas de natação que vemos nas Olimpíadas!
Carol: Pois é, mas o professor da Andreia não era nada parecido com isso. Ele era um homem gordo, careca e com um nariz pontudo. Afinal, o professor sabia nadar e sabia ensinar as crianças a nadarem. E ele fazia tudo isso com aquele corpo que ele tinha, um corpo parecido com o da Andreia.
Vítor: O professor perguntou se a Andreia não gostava de nadar, afinal seria uma pena se ela parasse de fazer algo que ela fazia muito bem!
Carol: Espera, a Andreia nadava muito bem?
Vítor: Foi isso que o professor disse!
Carol: Porque, pelo que vimos até agora, não parecia que a Andreia sabia nadar!
Vítor: É que, se a gente parar pra pensar, a única coisa que falamos é que a Andreia espirrava água quando mergulhava. Mas não falamos nada sobre se ela nadava bem ou não.
Carol: Sim, porque era isso o que acontecia com a Andreia. Enquanto ela nadava, ela só pensava que era muito pesada, sem nem prestar atenção em como ela estava nadando. Felizmente, o professor falou algo que mudaria a vida da Andreia pra sempre!
Vítor: Ele disse: a próxima vez que alguém te chamar de baleia, você sai da água e parte pra cima da pessoa!
Carol: Não, claro que não! Você acha certo usar violência pra resolver algum problema?
Vítor: Tá! A Andreia, então, deveria usar a mesma arma daquelas crianças. Quando alguém falasse que ela era uma baleia, ela gritaria de volta falando mal dos corpos das outras crianças!
Carol: Não! Isso também é muito errado!
Vítor: Tá, o que o professor falou, então, que mudou a vida da Andreia?
Carol: Ele disse que nós somos o que pensamos que somos!
Vítor: Você voltou a falar daquele jeito enigmático de novo!
Carol: Não! É que o professor disse isso mesmo. Ele explicou que a Andreia tinha que acreditar que era leve pra nadar bem!
Vítor: Mas não é errado isso que o professor fez? Porque a Andreia era gorda, então ela realmente era mais pesada do que uma criança magricela como eu fui!
Carol: Sim, ela era mais pesada, é claro. Mas o problema não era o tamanho e o peso real da Andreia. O problema era ela achar que esse peso era muito maior do que realmente era! Ela era mais pesada, claro, mas ela não era uma pedra.
Vítor: O professor até brincou e disse pra Andreia que um peixe, por maior que seja, não acha que é pesado. Ou um pássaro, por exemplo. Existem diferentes pássaros, de diferentes tamanhos. E o maior pássaro de todos, quando está lá no céu, voando, com certeza não se acha pesado!
Carol: A Andreia achou aquela conversa interessante. Enquanto ela tentava entender aquelas palavras do professor, a Andreia deu mais um mergulho. Nessa hora ela já estava sozinha, então ninguém diria que ela era uma baleia e, embaixo da água, ela poderia pensar melhor…
Vítor: Ela ficou com aquela ideia na cabeça, até que resolveu tentar. Depois da aula, Andreia foi tomar seu banho. Ela ligou o chuveiro quentinho, entrou embaixo dele, fechou os olhos…
Carol: E começou a pensar que era água!
Vítor: E aí?
Carol: E aí… que, por mais estranho que pareça, a Andreia se sentiu como água!
Vítor: Como assim?
Carol: Parecia, sei lá, que o corpo dela tinha começado a escorrer, como água…
Vítor: Vem cá, por um acaso, a Andreia não tava fazendo xixi no chuveiro, não?
Carol: Não! Ela estava embaixo de um chuveiro, mas a sensação que ela tinha é que ela estava embaixo de uma cachoeira, e seu corpo começava a se misturar com a água de um rio, que vai correndo por uma floresta grande, quente e colorida.
Vítor: Bem, aquela conversa do professor ainda parecia estranha pra Andreia, mas pelo menos tinha ajudado ela a se divertir um pouco na hora do banho.
Capítulo 3: Um corpo, muitas possibilidades
Carol: Depois de ficar no seu banho, achando que seu corpo era uma cachoeira, tinha chegado o momento da Andreia voltar pra casa. Mas nessa hora, o sol já tinha ido embora e começou a anoitecer.
Vítor: Como a escola de natação era pertinho da casa da Andreia, ela vestia seu casacão pra se proteger do frio da rua, colocava sua mochila nas costas e andava rapidinho até a sua casa.
Carol: Porém, tinha uma coisa que acontecia, de vez em quando, que a Andreia não gostava. Algumas vezes, enquanto andava pra sua casa, aparecia um homem que sempre falava a mesma coisa pra Andreia.
Vítor: Ele chamava a Andreia de cogumelo e perguntava aonde ela ia.
Carol: Que desagradável! Por que ele achava que tinha o direito de falar assim com a Andreia?
Vítor: Pois é, até aquele dia, a Andreia odiava aquilo, mas não falava nada. Ela continuava olhando pra frente e saía correndo, pra chegar o mais rápido possível em casa. Mas ela não esquecia as palavras do seu professor, então ela resolveu arriscar.
Carol: Assim que ela viu aquele homem andando na calçada, ela se concentrou. Ela se imaginou grande… Não, muito grande… gigantesca.
Vítor: Ela se imaginou maior que as casas, muito maior. As chaminés das casas batiam em seus joelhos e sua cabeça ficava lááá perto do céu.
Carol: Assim, gigante, Andreia foi se aproximando do homem e olhou bem no fundo dos olhos dele!
Vítor: E sabe o que ele fez? Nada! Ficou quietinho! Nenhuma pergunta, nenhum apelido, nada.
Carol: Ah, a partir daquele momento, Andreia percebeu que usar sua imaginação funcionava! E funcionava muito!
Vítor: E ela não precisava usar a imaginação apenas pra coisas ruins! Ela poderia se transformar no que queria em qualquer momento.
Carol: Quando ela ia pra cama, por exemplo. Andreia pensava que era um ouriço!
Vítor: Espera, ela imaginava que era um ouriço quando estava na cama? Por quê? Ela queria espetar alguém?
Carol: Não! É que em lugares frios, como o lugar onde a Andreia vivia, os ouriços hibernam. Assim como os ursos.
Vítor: Andreia, então, imaginava que ela estava entrando em sua toca… prontinha pra dormir… durante um longo inverno e…!
Carol: Até chegar a quarta-feira, dia da natação, a Andreia foi usando sua imaginação pra todas as situações. Por exemplo, na aula de ginástica! Ela precisava pular alto…
Vítor: Xiiii, então ela tinha que pensar rápido, porque se ela ficasse pensando que era pesada não ia conseguir nem dar um saltinho de nada… Ela precisava pensar em algum animal que saltasse muito, saltasse alto, longe…
Carol: Um canguru!
Vítor: Isso! E enquanto se transformava em um canguru, Andreia saltou na aula de ginástica como nunca!
Carol: E quando ela precisou tomar vacina, então? Enquanto todas as crianças ficavam tremendo de medo, algumas chorando, gritando, a Andreia se manteve ali, dura, firme, sem se mexer.
Vítor: Ué, mas o que ela imaginou que era? Uma guerreira? Um soldado?
Carol: Nada, uma estátua! Ela abriu um sorrisão, imaginou que era uma estátua grandona e ficou ali, paradinha e sorrindo enquanto tomava a injeção!
Vítor: Nossa, eu realmente vou usar esse truque da próxima vez que eu tiver que tomar injeção. Eu não gosto de agulha! Só uma dúvida: eu posso imaginar uma estátua com a cara brava?
Carol: Pode, pode sim! E quando a Andreia imaginou que era um coelho? Ela saiu comendo todas as cenouras do seu prato! Todo mundo ficou impressionado de uma criança gostar tanto assim de cenoura!
Vítor: Ah, e teve aquele dia em que a Andreia pensou que ela era um sol, bem lindo, bem quentinho e bem brilhante!
Carol: Ué? Por que ela fez isso? Ah, já sei, pra ficar quentinha… Não, pra ficar amarela… Não, não faz sentido… Pra… ficar… radiante?
Vítor: Sim, isso mesmo! Sabe quando a gente acorda e o céu tá azulzinho, com aquele solão lindo? Por mais que seja difícil, por mais que a gente feche os olhos, a gente abre um sorrisão e olha pro sol, né?
Carol: E foi isso o que aconteceu com a Andreia. Ela se imaginou como o sol e, nesse dia, o João passou por ela, no corredor do colégio, olhou pra ela e abriu um sorriso!
Vítor: Bom, até a terça-feira seguinte, a vida da Andreia foi uma beleza. Mas, no dia seguinte, na quarta-feira, chegaria novamente o dia da natação.
Carol: E aí, será que a imaginação da Andreia daria conta do recado?
Capítulo 4: Booooombaaaaaa!
Carol: A quarta-feira tinha chegado! Andreia chegou na natação, colocou seu maiô laranja de bolinhas amarelas e colocou sua imaginação pra funcionar.
Vítor: Ela pensou: sou uma pedra!
Carol: Não! Isso é o oposto de ser leve!
Vítor: Mas ela ainda não queria ser leve! Antes da piscina, ela tinha que passar pela ducha de água gelada, lembra?
Carol: Ah, é verdade! Ela podia ter pensado que era um cubo de gelo!
Vítor: Ou um sorvete!
Carol: Ou um pinguim!
Vítor: Mas pensar que era uma pedra tinha dado certo. Ela nem sentiu o frio e foi andando pra raia sete.
Carol: Uma criança mergulhou… Outra mergulhou… Mais uma… Até que chegou a vez da Andreia.
Vítor: Foguete, foguete, foguete, foguete…
Carol: Pensando que era um foguete, a Andreia deu um mergulho perfeito e não espirrou nem uma gotinha de água!
Vítor: Dentro da água, ela deixou sua imaginação nadando livremente.
Carol: Se imaginou um peixe…
Vítor: Um caiaque…
Carol: Uma prancha.
Vítor: Uma lancha.
Carol: Um submarino.
Vítor: Então ela ouviu as meninas gritando seu nome.
Carol: Ah, não é possível, qual era a desculpa agora pra chamar a Andreia de baleia?
Vítor: Mas ninguém estava chamando a Andreia de baleia. Na verdade, estavam parabenizando a Andreia por nadar tão bem!
Carol: Tirando a Bete. A Bete era uma das colegas da Andreia, e disse que já que a Andreia nadava tão bem, a Andreia poderia subir num trampolim e saltar láááá do alto.
Vítor: Esse é o problema de crianças como a Bete, elas parecem gostar de deixar as outras pessoas tristes. Se agora não poderiam chamar a Andreia de baleia porque ela não espirrava água, teriam que descobrir alguma outra forma de deixar a Andreia triste.
Carol: Era óbvio que a Andreia não iria saltar daquele trampolim tão alto. Então, quando a Andreia se recusasse a saltar, poderiam dar um outro apelido pra Andreia.
Vítor: Mas quem disse que a Andreia não iria saltar daquele trampolim?
Carol: Tem certeza? Porque o trampolim era muuuuito alto!
Vítor: Ahã!
Carol: Muito alto mesmo!
Vítor: Mas a Andreia sabia como enfrentar qualquer coisa. Ela subiu as escadas, chegou na pontinha do trampolim e pensou: qual bicho poderia saltar e, ainda por cima, ensinar a Bete a ser menos chata?
Carol: Um animal grande.
Vítor: Forte.
Carol: Que espirrasse muita água quando mergulhasse…
Vítor: Uma… baleia!!!
Carol: E assim, se imaginando como uma baleia gigante, Andreia saltou, causando uma onda enorme que deixou a Bete encharcada e a Andreia feliz!
Vítor: Espera. A imaginação da Andreia tinha feito ela se imaginar um monte de coisas. Mas isso não tinha impedido a Andreia de encontrar pessoas como a Bete, que ainda iriam querer achar algum motivo pra dar algum apelido que deixasse a Andreia triste.
Carol: Ué, mas é só isso o que podemos fazer, né?
Vítor: Como assim?
Carol: A gente não consegue impedir as pessoas de serem desagradáveis com a gente. Por mais que a gente imagine, por mais que a gente dê uma lição nelas, não temos como prever que alguém vai deixar a gente triste. Mas a gente pode fazer como aprendemos no livro Andreia Baleia, escrito por Davide Cali e ilustrado por Sonja Bougaeva, e enviado pela editora Livros da Raposa Vermelha.
Vítor: Tá, acho que entendi. Eu não posso impedir alguém de tirar sarro de mim por eu ser muito magro. Mas eu posso entender que eu sou muito feliz assim!
Carol: Sim! Talvez queiram tirar sarro do nosso corpo, do nosso cabelo, das nossas roupas, dos nossos medos… não temos como impedir isso. Mas podemos ser felizes com nossos corpos e nossas escolhas!
Vítor: Sim! Sabia que eu tenho um super poder de magricela?
Carol: Jura? Qual?
Vítor: Eu consigo passar por todas as frestinhas! Juro, por menor que seja um espaço, eu consigo enfiar meu braço, passar a minha perna… Como se eu fosse um elástico, eu vou lá, aperto aqui, estico ali e tchã-rã, passo por qualquer espaço!
Carol: Já eu imagino sempre que sou um vulcão. Quando tá muito frio, eu imagino que estou entrando em erupção e, pronto, meu corpo vai ficando quentinho, de dentro pra fora!
Vítor: E você que tá ouvindo a gente, já imaginou que você fosse um bicho, um objeto, um elemento da natureza, pra te ajudar em algum momento da sua vida?
Carol: Conta pra gente! Presta atenção nos recadinhos finais, que a gente explica como faz.
Carol: E chegamos ao fim da história de hoje!
Vítor: Mas não é o fim do Conta! Conta! Conta!
Carol: Não?
Vítor: Não! O nosso podcast continua por aí! Então, que tal dar o seu apoio? Fale do Conta! Conta! Conta! pra outra criança ou mesmo uma pessoa adulta que gosta de história! E não esqueça de favoritar nosso podcast e dar cinco estrelas no Spotify! Porque você já sabe como encontrar a gente sempre que quiser, né?
Carol: É fácil! Todos os episódios do Conta! Conta! Conta! estão disponíveis no Spotify, nos principais aplicativos de podcast e no nosso site, ciaruidorosa.com
Vítor: Depois de ouvir, que tal mandar uma mensagem pra gente?
Carol: Isso também é fácil! Você pode escrever pelo Instagram, o @ciaruidorosa, pelo Spotify, pela página Cia. Ruído Rosa no Facebook, e também pelo nosso site.
Vítor: Se você entrar no nosso site, Instagram ou Facebook, vai descobrir que, além do podcast, a Cia. Ruído Rosa faz um monte de coisas pro público infantil: espetáculos, contações de histórias, livros… Ufa, agora sim, chegamos ao final do episódio de hoje!
Carol: Eu sou a Carol.
Vítor: E eu sou o Vítor.
Carol: E nós somos a Cia. Ruído Rosa!
Vítor: Quer ouvir mais histórias? Não tem problema, é só clicar que a gente...
Carol: Conta! Conta! Conta!
Texto e atuação: Anna Carolina Longano
Edição e atuação: Vítor Freire
Desenho: Lauro Freire
Design: Lygia Pecora
Divulgação: Luciana Fuoco
Legendagem: Marcela Ferros
Produção: Cia. Ruído Rosa
Gravado no Depois do Fim do Mundo Estúdio.
Esta temporada faz parte do projeto A Heroína da História, realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo.
Muito obrigada por ouvir até aqui e até o próximo episódio!
Tudo vira CULTSP. Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, São Paulo Governo do Estado. São Paulo São Todos. Realização: Lei Paulo Gustavo. Ministério da Cultura. Governo Federal. Brasil: União e Reconstrução.