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transcrição:

#18 Em busca do famoso peixarinho

Capa 18-Peixarinho.jpg

Ministério da Cultura e governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas apresentam:

 

Carol: Alô? Alô?

 

Vítor: Tem alguém aí?

 

Carol: Oi! Aqui quem tá falando é a Carol!

 

Vítor: E eu sou o Vítor!

 

Carol: Nós somos a Cia. Ruído Rosa. E esse é o nosso podcast, o Conta! Conta! Conta!

 

Vítor: Um podcast pra você abrir seus ouvidos e deixar sua imaginação viajar com as nossas histórias!

 

Carol: Nessa temporada, a Cia. Ruído Rosa está fazendo parceria com editoras de livros infantis. A cada episódio, vamos contar nossa história a partir de um livro diferente, sempre com uma menina ou mulher como protagonista. 

 

Vítor: Essa nova temporada do Conta! Conta! Conta! é realizada com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo.

 

Carol: A cada 15 dias, você terá um episódio novinho pra ouvir. E, enquanto não chega o episódio novo, você pode ouvir nossos episódios mais antigos, comentar o que achou, conversar com a gente pelo Instagram, Spotify, Facebook ou pelo nosso site.

 

Vítor: Ah, sabe o que é tão importante quanto mandar mensagem pra gente? Dar 5 estrelas no Spotify, favoritar nosso podcast e indicar o Conta! Conta! Conta! pra outras pessoas. São coisas simples que você pode fazer, mas que ajudam bastante nosso podcast a chegar em outras crianças e a continuar existindo depois dessa temporada! Agora se ajeite bem aí e peça silêncio 

 

Carol: Shhhhiu!

 

Vítor: Pois está começando… sabe o quê?

 

Carol: Conta! Conta! Conta!

 

Carol: E no Conta! Conta! Conta! de hoje, nós vamos mergulhar fundo em nosso corpo!

 

Vítor: Uau, então hoje teremos um episódio muito reflexivo!

 

Carol: Por quê?

 

Vítor: Porque você disse que íamos mergulhar em nós mesmos! Quando falamos isso, significa que iremos pensar sobre nós, sobre nossa vida, nossas escolhas e…

 

Carol: Não! Por que a gente faria isso?

 

Vítor: Eu não sei! Foi você quem falou isso!

 

Carol: Não, eu disse que a gente ia mergulhar no nosso corpo. Foi você que veio com essa parte de reflexo!

 

Vítor: Reflexivo!

 

Carol: Enfim, quem veio com essa história foi você! Eu tô falando de algo muito mais simples. Mergulhar dentro da gente!

 

Vítor: Simples? Mas como é que se mergulha dentro de alguém?

 

Carol: Você não sabe? Então, ainda bem que vamos contar a história do livro Em Busca do Famoso Peixarinho, escrito pelo Gregório Duvivier e ilustrado pela Johanna Thomé de Souza. Aí você vai descobrir o que tem dentro da gente.

 

Vítor: Espera, mas quem enviou esse livro pra gente não foram nossas amigas da editora Brinque-Book?

 

Carol: Sim, por quê?

 

Vítor: Porque você falou que vamos ver o que tem dentro da gente, e eu não sabia que a Brinque-Book tinha um atlas do corpo humano! Então, gente, se preparem, na história de hoje vai ter muito sangue, vísceras, oxigênio e…

 

Carol: Eca! Não! Não vai ter nada disso! De onde você tá tirando essas ideias?

 

Vítor: Do que você tá falando! Você disse que vamos ver o que tem dentro da gente! Dentro da gente tem essas coisas: sangue, vísceras…

 

Carol: Para!! Por que você tá repetindo isso? Não, você não tá entendendo nada! A gente vai fazer um mergulho dentro da gente e vamos ver um corpo por dentro. Só que vamos fazer isso com imaginação, entendeu? 

 

Vítor: Não mesmo!

 

Carol: Vamos fazer o seguinte, vamos começar a história que vai ficar beeeeem mais fácil de você entender!

 

Vítor: Tá! Só uma coisa: o que é peixarinho? Porque eu já olhei em todos os livros que tenho sobre animais e não existe esse peixe!

 

Carol: Vamos fazer assim? Bota sua imaginação pra funcionar. 

 

Vítor: Tá!

 

Carol: Botou? 

 

Vítor: Sim!

 

Carol: Então, agora sim, você tá pronto pra gente começar!

 

Capítulo 1: Viagem ao centro do umbigo

 

Carol: 5, 4, 3, 2, 1. Finalmente, tinha chegado o horário mais esperado do dia! O menino entrou no banheiro e já foi arrancando seu macacão vermelho, tirando o tênis preto, jogando longe as meias amarelas, puxando pro alto a camiseta listrada azul e branca, deixando uma trilha de roupas pelo chão, enquanto agarrava seu peixe de borracha, que era um peixe com asa e bico, como um passarinho.

 

Vítor: Espera! Eu já vi pato de borracha e já vi peixe de borracha. Mas um peixe com asa e bico, isso eu nunca vi!

 

Carol: Pois é, quase ninguém viu! Então, você pode imaginar como o menino curtiu seu peixe-passsarinho quando ele ganhou, né? Quem não gostaria de ter um bicho tão único assim? E pra deixar ainda mais único, vamos dar um nome único pra ele! Se era um peixe, e era um passarinho, ele era… um peixarinho!

 

Vítor: Segurando seu peixe-passarinho, ou melhor, seu peixarinho, o menino já estava totalmente pelado, entrando na banheira, que, além de ter a água na temperatura certinha, tinha também um barco, um polvo, uma tartaruga, todos bichos de borracha que ajudavam a animar aquele banho.

 

Carol: Mas o preferido do menino, não tinha jeito, era o peixarinho. Ele mergulhava o bicho até o fundo da banheira e soltava. Quando o bicho surgia, flutuando, o menino ria!

 

Vítor: Opa!

 

Carol: O que foi?

 

Vítor: Tem algo errado nessa história!

 

Carol: Jura?

 

Vítor: Claro! Nessa temporada do Conta! Conta! Conta!, todas as histórias têm como protagonistas meninas ou mulheres. Até agora a gente só falou do menino e do seu peixarinho! Cadê a protagonista dessa história?

 

Carol: Ela acabou de entrar no banheiro e está pegando do chão o macacão, a camiseta, a cueca que o menino deixou no chão… A mãe é a protagonista da nossa história! 

 

Vítor: Poxa, e é assim que nossa protagonista começa? Pegando as roupas do filho no chão?

 

Carol: Bom, pelo menos o filho dela não dava trabalho pra ir pro banho. Era melhor pegar uma cuequinha verde do chão do que ter que ficar correndo atrás da criança tentando fazer ela entrar no chuveiro! Ela gostava de ver seu filho brincando com o peixa…

 

Vítor: Não!

 

Carol: O que foi?

 

Vítor: O peixe. O passarinho… o peixarinho!

 

Carol: O que tem ele?

 

Vítor: O menino tava ali, brincando com o peixarinho, que escorregou das suas mãos e tinha entrado na barriga do menino!

 

Carol: Como assim? O menino comeu o peixarinho de borracha?

 

Vítor: Não, o peixarinho escorregou pelo umbigo do menino e entrou dentro da sua barriga! E agora? Será que teríamos que chamar um médico? Um veterinário? 

 

Carol: Nada disso, era só chamar a mãe! 

 

Vítor: Mããããããeeeee!

 

Carol: O menino chamou a mãe e disse que o peixarinho tinha sumido dentro da sua barriga. E ele olhava, olhava, olhava, tentava ver um pedacinho do pássaro, uma escama do peixe… mas não via nada. A mãe não teve dúvida, ela tava pronta pra resolver aquela situação! Ela jogou as roupas do filho no chão, juntou suas mãos acima da cabeça, deu um salto e, num mergulho perfeito, entrou pelo umbigo do seu filho, pra achar o peixarinho!

 

Vítor: Ela entrou dentro do menino?

 

Carol: Sim, ela mergulhou do jeito que estava, de calça e camiseta. Por sorte, ela estava sempre preparada! Ela tinha um óculos azul de natação dentro do seu bolso, que ela colocou bem depressa, afinal, ela precisaria enxergar tudo pra conseguir achar o peixarinho!

 

Vítor: Mas… mas… o que ela encontrou ali? O que tem dentro da gente?

 

Carol: Você não sabe?

 

Vítor: Eu sei… mas se eu falar que tem sangue e vísceras, você vai brigar comigo!

 

Carol: Sim! Pensa com imaginação! O que tem dentro da nossa barriga, assim que a gente atravessa nosso umbigo?

 

Vítor: Tem… tem… um mundo inteiro a ser descoberto?

 

Carol: Exatamente!

 

Capítulo 2: Muitas léguas submarinas

 

Carol: Muita gente não sabe, muita gente nem desconfia, mas dentro da gente tem um oceano! Assim que entrou pelo umbigo do seu filho, a mãe viu muitos peixes coloridos, uns corais vermelhos, outros laranjas… Opa, cuidado com as águas vivas, tá?

 

Vítor: Mentira! Tem tudo isso dentro da gente?

 

Carol: Ahã! Tudo isso e muito mais, como… como… O que mais tem no oceano?

 

Vítor: Já sei, dentro da gente também tem um tubarão roxo, algumas arraias, conchas e uma estrela do mar! E, claro, ela…

 

Carol: Quem?

 

Vítor: Ela!

 

Carol: Quem?

 

Vítor: A sereia! Uma linda sereia com a pele negra e os cabelos roxos, que combinavam com sua cauda de peixe rosa e… seu canto! E todo mundo sabe que as sereias têm um canto mágico que seduz…

 

Carol: Ah, não, pode parar! Nessa história, a gente não tem tempo pra isso, não, a mãe tinha uma missão a cumprir! Ela olhava pra todos aqueles peixes, mas não via o peixe certo: o peixe com bico e asa! Então a sereia viu a preocupação da mãe e parou de cantar pra perguntar se a mãe já tinha procurado dentro da baleia.

 

Vítor: Baleia? Tem uma baleia dentro da gente?

 

Carol: Sim, e é engraçado, porque tem aquela história que a baleia engole um humano, agora, que a gente tinha uma baleia dentro da gente, eu não sabia! Mas espera que vai ficar ainda mais doido. A mãe entrou dentro da baleia que vivia dentro do filho dela! Entendeu?

 

Vítor: Entendi… entendi que essa mãe era super corajosa, porque eu não entraria dentro de uma baleia de jeito nenhum!

 

Carol: Ah, mas foi tranquilo, a baleia estava dormindo.

 

Vítor: E você entraria dentro de uma baleia dormindo?

 

Carol: Eu não, mas em nenhum momento eu disse que eu era corajosa como a mãe! 

 

Vítor: Mas e aí, será que a mãe encontrou o peixarinho?

 

Carol: Não! Ela não encontrou nem o peixarinho, nem sentido em tudo aquilo. Que tenha um oceano dentro de nossa barriga, vá lá…

 

Vítor: Mesmo?

 

Carol: Agora, sabe o que tinha dentro da baleia que tinha dentro da barriga do menino? Uma cidade com avenida, prédios, edifícios grandes, pequenos, coloridos, tortos… ruas enfeitadas com postes e lampadinhas coloridas.

 

Vítor: E quem morava nessa cidade?

 

Carol: Peixes, é óbvio!

 

Vítor: Ah, claro, é óbvio…

 

Carol: Tinham alguns tentáculos ali no fundo, uma ou outra baleia menorzinha voando — ou seria nadando? — pelo céu da cidade.

 

Vítor: Ué, e de onde tá vindo essa música? 

 

Carol: Não sei…

 

Vítor: Pera, acho que é dessa rua… Ali, é daquele rádio vermelho, ao lado do barril. Tá vendo, aquele barril que tem um homem sentado em cima, pescando…

 

Carol: Um homem pescando dentro de uma cidade de peixes que existia dentro da barriga de uma baleia que vivia dentro da barriga de um menino? Olha, essa história tá ficando bem doida até pra mim, que tenho muita imaginação. 

 

Vítor: Até a mãe, que estava mais preocupada em achar o peixarinho do seu filho do que com qualquer outra coisa, ficou preocupada. 

 

Carol: Aquele lugar era tão maluco… Será que a mãe tinha perdido sua sanidade? Tava doidinha? 

 

Vítor: Não sei… mas não tinha tempo pra pensar nisso agora! Ela tinha que continuar em busca do peixarinho! A mãe perguntou pro homem sentado em cima do barril se ele tinha visto o… o…

 

Carol: O que foi?

 

Vítor: É que dá uma vergonha você chegar em alguém que você nunca viu na vida e falar: oi, você viu um peixarinho, que é um peixe de borracha que tem escama, mas também tem asa?

 

Carol: No mundo normal, até daria vergonha mesmo de perguntar isso pra alguém. Mas naquele mundo essa pergunta era normal. Tanto é que o homem em cima do barril disse que sabia onde estava o tal do peixarinho!

 

Vítor: Onde?

 

Carol: Pelo que o homem ouviu no seu rádio vermelho: 

 

Vítor: “Atenção, atenção, e o peixarinho foi capturado e levado pro zoológico!”

 

Carol: A pressa da mãe era tanta que ela nem se lembrou de agradecer ao homem do barril pela informação ou de perguntar pra ele se ele sabia que estava vivendo dentro de uma baleia. Ela só virou as costas e foi correndo pro zoológico.

 

Vítor: E ela sabia como chegar lá?

 

Carol: Saber, saber, ela não sabia! Mas ela é uma mãe, né? Ela vai dar um jeito de descobrir como chegar lá!

 

Capítulo 3: A espantosa aventura de uma mãe

 

Carol: Chegando no zoológico, a mãe pensou que devia estar no lugar certo. Só o que tinha ali eram bichos diferentes, todos em extinção.

 

Vítor: Tinha um mico-leão-dourado?

 

Carol: Não!

 

Vítor: Tinha uma onça pintada?

 

Carol: Não!

 

Vítor: Um tatu-bola?

 

Carol: Não!

 

Vítor: Ué, que animais existiam, então, nesse zoológico?

 

Carol: Animais únicos, como o bicho-pão, um animal feito de farinha e fermento.

 

Vítor: E como era um bicho-pão?

 

Carol: Parecia… um leão. Mas, ao invés de morder os outros, ele ficava mordendo a ele mesmo!

 

Vítor: Também tinha um… jacaré… com pelos? É isso mesmo que eu tô vendo?

 

Carol: Sim, ele tava perto da borboleta-formiga com bico de canudinho.

 

Vítor: A mãe até subiu no pescoço da girafa roxa de óculos pra tentar olhar por cima daquele zoológico e ver se achava o peixarinho… mas ela não achou.

 

Carol: Por sorte, o rinoceronte que tinha um chifre de banana ouviu a mãe gritando se alguém sabia onde achar o peixarinho, e ele sabia! Era só a mãe entrar na gruta!

 

Vítor: Mas ela tinha acabado de chegar no zoológico e já teria que sair pra gruta? Bem, tudo bem, onde ficava a gruta?

 

Carol: Em um buraquinho. 

 

Vítor: Tem certeza?

 

Carol: Sim!

 

Vítor: Uma gruta fica dentro de um buraquinho mínimo que mal passa um mosquitinho?

 

Carol: Ahã!

 

Vítor: Tá, como ela ia entrar nessa gruta?

 

Carol: Isso é fácil! Se ela entrou no umbigo do filho, você acha que essa mãe não conseguiria passar por esse buraquinho? Mãe consegue qualquer coisa! Viu? Ela passou e…

 

Vítor: Cuidado!... Cuidado de novo!

 

Carol: Caramba, que perigosa essa caverna! Além de ter um monte de coisas pegajosas escorrendo pela parede, na gruta…

 

Vítor: Cuidado!

 

Carol: Tinham muitos morcegos. Uns morcegos de óculos, que passavam raspando pela cabeça da mãe!

 

Vítor: Por sorte, a gruta era pequena e logo que acabava dava pra um riacho! Um lindo riacho de água rosa!

 

Carol: Bem, se tinha água, talvez o peixarinho estivesse por ali! 

 

Vítor: Mas ele não estava! Ao invés de um peixarinho, a mãe encontrou o Caronte!

 

Carol: Cara o quê?

 

Vítor: Caronte!

 

Carol: Quem era o Caronte?

 

Vítor: O velhinho, sabe? Segurando um remo, de barba longa e uma roupa azul?

 

Carol: Ele era da família?

 

Vítor: Não! O Caronte é… é… da mitologia!

 

Carol: Espera, agora eu não tô entendendo nada.

 

Vítor: Na Grécia, beeeeeem antigamente, as pessoas acreditavam que existia uma figura chamada Caronte, que era um barqueiro. 

 

Carol: Que legal!

 

Vítor: Mais ou menos. O Caronte era o responsável por levar as pessoas que tinham morrido pro mundo dos mortos.

 

Carol: Mas… mas… a mãe encontrou o Caronte? Então, a mãe… tinha… morrido?

 

Vítor: Não! Claro que não! Ela encontrou o Caronte, mas ele não levou a mãe pra lugar nenhum! Ele estava ali, parado, então a mãe resolveu perguntar pro Caronte se ele tinha visto o peixarinho. 

 

Carol: E aí?

 

Vítor: Não sei!

 

Carol: Como não sabe?

 

Vítor: Não sei como se fala com o Caronte. Ele é uma figura muito, muito, muito antiga, e sei que antigamente as pessoas falavam bem diferente de hoje em dia.

 

Carol: Já sei. A mãe poderia falar de um jeito… diferente… usando umas palavras diferentes e… rimando!

 

Vítor: Rimando?

 

Carol: Sim, fazendo rimas! Aposto que vai dar certo!

 

Vítor: Por que daria certo?

 

Carol: Ela poderia perguntar: Ó, antigo Caronte, responda-me bem devagarinho, por um acaso viste por essas águas, nadando ou voando, algum peixarinho?

 

Vítor: Hahahaha, e você acha que isso daria certo?

 

Carol: O que eu sei é que a mãe perguntou se o Caronte viu o peixarinho, e ele respondeu!

 

Vítor: O que ele respondeu?

 

Carol: Nada!

 

Vítor: Oi?

 

Carol: Nada!

 

Vítor: Mas você falou que ele respondeu!

 

Carol: Sim, ele respondeu!

 

Vítor: O quê?

 

Carol: Nada!

 

Vítor: Aaaaah, essa conversa não tá fazendo sentido. Como ele respondeu nada?

 

Carol: Ele respondeu nada! Apontou pro rio e disse: nada! Ele falou que a mãe tinha que nadar!

 

Vítor: Tá vendo? Falei que esses gregos de antigamente falavam tudo de um jeito estranho… Mas e aí, o que a mãe fez?

 

Carol: O que você acha? Mergulhou com tudo no rio e foi nadando até…

 

Vítor: Até?

 

Carol: Cair pela cachoeira!

 

Vítor: Olha, não sei vocês, mas se fosse eu, já tinha desistido faz tempo de ir atrás desse peixarinho!

 

Capítulo 4: A cidade nauseante

 

Carol: Depois de ter passado pelo oceano, pela cidade dentro da baleia, pelo zoológico, pela gruta e por uma cachoeira, eu tenho até medo de pensar onde a mãe foi parar.

 

Vítor: Func! Func! Tá sentindo?

 

Carol: Func! Sim! Que cheiro de… de… chulé!

 

Vítor: Não, não é chulé, não… é… queijo! A mãe tinha ido parar na cidade dos ratos!

 

Carol: Sim, era uma cidade enorme, toda feita de queijo. E ela era toda habitada por… ratos! Que comiam queijo e dançavam. Dançavam e comiam queijo. E, claro, tinham um rei!

 

Vítor: A mãe estava exausta, então ela já foi direto pro rei perguntar se a vossa majestade tinha visto o peixarinho.

 

Carol: O rei não tinha visto nada, mas falou que a mãe talvez achasse o peixarinho se seguisse pelo labirinto de queijo.

 

Vítor: E, sem nem pensar, lá foi a mãe. Ela se jogou de cabeça em um buraco, se arrastou por um corredor, se espremeu entre dois queijos, levou uma bronca de uns ratos que estavam passando pelo labirinto, escalou uma parede enorme de queijo e…

 

Carol: Achou o peixarinho!

 

Vítor: Não! Na verdade, ela foi empurrada pelos ratos por um dos buracos beeeeeem loooongos do labirinto do queijo, que foi virando um encanamento, que virou uma torneira e… a mãe caiu sentada, bem na pia do banheiro da casa.

 

Carol: Mas… mas… e o peixarinho? Ela não tinha encontrado o peixarinho!

 

Vítor: Ah, acontece!

 

Carol: Mas ela tinha passado tudo aquilo apenas pra ir atrás do peixarinho!

 

Vítor: Sim, mas não tem problema! Ela é uma mãe, ela faz muita coisa, mas ela não vai poder resolver todos os problemas do mundo!

 

Carol: Mas ela tinha feito aquilo com tanto carinho…

 

Vítor: Sim, mas tudo bem, o filho dela sabia que ela tinha feito com carinho!

 

Carol: Ali mesmo, sentada na pia do banheiro, a mãe foi dizer que não tinha achado o peixarinho…

 

Vítor: Hahahaha… hahahaha… hahaha…

 

Carol: Tá tudo bem?

 

Vítor: Sim, é que… na verdade, o menino tinha feito apenas uma brincadeira!

 

Carol: Como assim?

 

Vítor: Ele escondeu o peixarinho na banheira e disse que o bicho tinha sumido.

 

Carol: Oi?

 

Vítor: É, ele achou que a mãe nem fosse acreditar, afinal, como um peixarinho passaria pelo umbigo de alguém?

 

Carol: Ela… passou por tudo isso… por conta… de… uma… brincadeira… do… filho?

 

Vítor: Sim?!

 

Carol: Então… então… essa viagem toda não serviu… pra nada?!

 

Vítor: Claro que sim!

 

Carol: Pra quê??

 

Vítor: Pra que serve alguém ter um peixarinho, um bicho que nem sequer existe?

 

Carol: Pra…

 

Vítor: Pra que serve o Conta! Conta! Conta!, em que nosso público fica só ouvindo a gente contar uma história por um pedacinho de tempo?

 

Carol: Pra…

 

Vítor: Praquilo que você falou que era importante lá no começo!

 

Carol: Pra imaginar!

 

Vítor: Pois é, era só uma brincadeira! Do jeito que as crianças fazem e os adultos, muitas vezes, esquecem de fazer também!

 

Carol: Por isso, no final, a mãe, juntando todas as suas forças, encharcada e exausta… sabe o que ela fez?

 

Vítor: Gritou?

 

Carol: Não.

 

Vítor: Brigou?

 

Carol: Não.

 

Vítor: Teve o umbigo explodido de raiva?

 

Carol: Não.

 

Vítor: O que ela fez?

 

Carol: Ela… sorriu. Porque, por aquele momentinho, ela se permitiu brincar de imaginar também!

 

Vítor: Assim como você também se permitiu imaginar com a gente como foi toda essa viagem!

 

Carol: Uma história que está no livro Em Busca do Famoso Peixarinho, da editora Brinque-Book, escrito pelo Gregório Duvivier e ilustrado pela Johanna Thomé de Souza.

 

Vítor: Agora, vai dizer que você, quando criança, nunca fez uma brincadeira assim com nenhum adulto?

 

Carol: Eu? Nunca!… Talvez uma vez… ou duas… talvez algumas vezes, só!

 

Vítor: E aposto que você que tá ouvindo a gente também já fez alguma coisa assim! Então, aproveita e escreve pra gente contando: qual história divertida você já inventou que seu pai, sua mãe, seu irmão, sua tia, seu primo caiu?

 

Carol: Presta atenção nos recadinhos finais que a gente explica como faz!

 

Carol: E chegamos ao fim da história de hoje!

 

Vítor: Mas não é o fim do Conta! Conta! Conta!

 

Carol: Não?

 

Vítor: Não! O nosso podcast continua por aí! Então que tal dar o seu apoio? Fale do Conta! Conta! Conta! pra outra criança ou mesmo uma pessoa adulta que gosta de história! E não esqueça de favoritar nosso podcast e dar cinco estrelas no Spotify! Porque você já sabe como encontrar a gente sempre que quiser, né?

 

Carol:  É fácil! Todos os episódios do Conta! Conta! Conta! estão disponíveis no Spotify, nos principais aplicativos de podcast e no nosso site, ciaruidorosa.com

 

Vítor: Depois de ouvir, que tal mandar uma mensagem pra gente?

 

Carol: Isso também é fácil! Você pode escrever pelo Instagram, o @ciaruidorosa, pelo Spotify, pela página Cia. Ruído Rosa no Facebook, e também pelo nosso site.

 

Vítor: Se você entrar no nosso site, Instagram ou Facebook, vai descobrir que, além do podcast, a Cia. Ruído Rosa faz um monte de coisas pro público infantil: espetáculos, contações de histórias, livros… Ufa, agora sim, chegamos ao final do episódio de hoje!

 

Carol: Eu sou a Carol.

 

Vítor: E eu sou o Vítor.

 

Carol: E nós somos a Cia. Ruído Rosa!

 

Vítor: Quer ouvir mais histórias? Não tem problema, é só clicar que a gente...

 

Carol: Conta! Conta! Conta!

Texto e atuação: Anna Carolina Longano

Edição e atuação: Vítor Freire

Desenho: Lauro Freire

Design: Lygia Pecora

Divulgação: Luciana Fuoco

Audiodescrição: Marcela Ferros

Produção: Cia. Ruído Rosa

Gravado no Depois do Fim do Mundo Estúdio.

Esta temporada faz parte do projeto A Heroína da História, realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo. 

 

Muito obrigada por ouvir até aqui e até o próximo episódio!

 

Tudo vira CULTSP.  Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, São Paulo Governo do Estado. São Paulo São Todos. Realização: Lei Paulo Gustavo. Ministério da Cultura. Governo Federal. Brasil: União e Reconstrução.

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